[Painting, Francis Bacon, 1978]
sob a hora translúcida
no ar um dia
a flor revelará a animalidade do sonho
nos seus órgãos, na sua escabrosa essência
amedrontando o ser de espuma
a fugir da saliva
uma nuvem amarela nesta hora o ar intacto
ar que o pânico meridional enrijeceu
avesso aos brônquios duma manhã crepuscular
uma nuvem como longa-metragem ionizada
se um homem decide clarificar a sangria do sol
experimentando visões do grande incêndio
sabe à partida que deverá amar o escuro
e libertar-se nele incondicionalmente
«uma floresta resplandecente sobre o cinzeiro»
ao vê-la desdobra-se na ascensão rápida da ideia
músculo do sonho e corola da flor
também o fumo se criva pelo crepúsculo
um pé no papel ● a página pelos joelhos
designa «floresta» o que vê este homem
de vento os gestos e o porquê das mãos
experimenta o exílio gasoso da palavra
o pé soluça e verbaliza a vontade
o corpo cai e instrumentaliza o sonho
porque a palavra trará nova seiva
e essa seiva invadirá velhas raízes
porque essas raízes irrigarão outras vontades
que se acenderão no mesmo bolbo
ele veste o silêncio ● a flor abre-se no escuro
4 comentários:
Sabes Porfírio meu Al de Tudo?
em ti recupero a força.
és a Flor.
a mais Pura.
o meu orgulho....(menino).
ler-te refaz-me.
sério.
muito a sério.
beijo-te.
( este miúda consegue levar.me a primazia em TUDO )
todavia
reservo.TE
um
dulcíssimo
.
beijo
ih ih ih....
(isto é para a Gab...querida)
bom dia meu Arcanjo....
ser em
POESIA
maiores
[os dois]
.
um beijo
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