
a alma reposiciona-se na qualidade de diafragma
espera víveres do holofote
ângulo amarelo:
os mortos reconhecem-se na difusa luz
[centelha do suspiro]
unem os ossos no descampado
dão as mãos
[súplica do húmus tenro]
circundam os que vivem, cotejam poder a cânticos
– cadáveres à solta na garganta dos vivos
da ceifa ficaram esqueletos para herdeiros instrumentarem
à terra o fundo da circuncisão maior
dádiva completa de passagem em passagem
um diálogo com a legítima mãe
um forno húmido de crispações
suplantado pela piscina do ódio, lago de sombras
o ermo alimenta-se de episódios de amor mal resolvido
um horto de flores a haver:
girassóis transfigurados
tulipas descomunais albergando sanguessugas nas corolas
glicínias produtoras de minúsculos dardos venenosos
magnólias com ventosas musculadas
dálias carnívoras
o reinado da reestruturada dinâmica de fluxos:
sangue a subir o xilema
vómito a descer o floema
plantas com grandes olhos
o pesadelo, endereço dos mortos
– rótulas vegetais impulsionam canos
caules grossos
ligados ao contentor de açúcar
pólen saturado que as veias pingam
caroços químicos invasores
vírgulas no genoma – a alma dorme, consente
a derradeira posição do holofote
dentro da raiva que rege a estratificação do solo
a consciência do petróleo
o cheiro nauseabundo da abundância caótica
convertido em suor na espécie molestada
e os mortos brincam às marionetas com as plantas mutantes
ensimesmados no azar que lhes convêm
cumprem na entropia o teatro do ódio, a crueldade cénica
uma vida já extinta
espera víveres do holofote
ângulo amarelo:
os mortos reconhecem-se na difusa luz
[centelha do suspiro]
unem os ossos no descampado
dão as mãos
[súplica do húmus tenro]
circundam os que vivem, cotejam poder a cânticos
– cadáveres à solta na garganta dos vivos
da ceifa ficaram esqueletos para herdeiros instrumentarem
à terra o fundo da circuncisão maior
dádiva completa de passagem em passagem
um diálogo com a legítima mãe
um forno húmido de crispações
suplantado pela piscina do ódio, lago de sombras
o ermo alimenta-se de episódios de amor mal resolvido
um horto de flores a haver:
girassóis transfigurados
tulipas descomunais albergando sanguessugas nas corolas
glicínias produtoras de minúsculos dardos venenosos
magnólias com ventosas musculadas
dálias carnívoras
o reinado da reestruturada dinâmica de fluxos:
sangue a subir o xilema
vómito a descer o floema
plantas com grandes olhos
o pesadelo, endereço dos mortos
– rótulas vegetais impulsionam canos
caules grossos
ligados ao contentor de açúcar
pólen saturado que as veias pingam
caroços químicos invasores
vírgulas no genoma – a alma dorme, consente
a derradeira posição do holofote
dentro da raiva que rege a estratificação do solo
a consciência do petróleo
o cheiro nauseabundo da abundância caótica
convertido em suor na espécie molestada
e os mortos brincam às marionetas com as plantas mutantes
ensimesmados no azar que lhes convêm
cumprem na entropia o teatro do ódio, a crueldade cénica
uma vida já extinta