sábado, 24 de janeiro de 2009
PSICOCLAUSTROFONIA (I)
espreitar o universo e vê-lo obscuro
intensamente desfocado: os habitantes dos planetas
defecam atmosferas de gás, gritam pequenez
cada um vê-se como um asteróide negro desabitado
– o processo de desertificação é interior
e fruto do olho humano
ângulo vermelho:
entra a rainha do submundo
uma labareda de cabelos ruivos
um vestido de pólipos folhosos e fumegantes
[rubro contra púrpura]
momentos antes da prédica no púlpito do sacrário venal
intensifica-se o desfile, o crepitar da coroa
– a assembleia inicia a descompressão da pepita
alguma poeira cósmica, dialectos absurdos
ângulo intersectado – a linha fúnebre, bastarda
a luz azul, um rosto frio
visão de cima: um palácio de tijolo sanguíneo
velado por mutantes da palavra obscura
suplício dos guerreiros infelizes
no interior
em câmara resguardada de festejos mundanos
e diálogos triviais
a laranja velha repousa no luxuoso caixão do mundo
seus horrendos poros tossem vermes gordos
embriões da desgraça, outrora vísceras em papa
lembrança da perpendicularidade
a todos os olhos nua
fria
e inalterável
comecemos então
o novíssimo estratagema da criação: células
prestes a asfixiarem
num quarto de vidro gravemente embaciado
– vapor de melaço
saído das entranhas do cientista
escapando à anatomia do vergonhoso cérebro
rasga-se
com a maior unha do corpo
o útero do pensamento mais escondido
dito recalcado – espera-se muco
e algum sangue podre
esporadicamente a ciência visita o campo da adivinhação
– quando o cientista, um pouco bruxo, aguça a lente
para destrinçar emaranhados colossais da massa a analisar
entra num fino véu
mesclado de nácar e fel
consumando-se o milagre das sete abóbadas
contentem-se os artesãos da ciência
com aspectos elementares da laranja morta
velha rainha
pois nunca desvendarão trilhos que
alguma vez
os cavalos do ácido traçaram
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4 comentários:
desculpa meu muito querido Al, mas eu,,,eu sim é que me sacio em rétorica ímpAR da tua voz.
ÚNICA!!!!!!!
como tu ninguém para adivinhar a arte de uma poética ENORME!
.
o que eu gosto (é pouco gostar) do que escreves.
e como ainda (ainda bem) me surpreende o teu verbar!!!!!
invulgar TALENTO!
sempre tua leitora...até que a vida me deixe.
beijos, meu Querido.
rasga-se
com a maior unha do corpo
o útero do pensamento mais escondido
dito recalcado – espera-se muco
"e algum sangue podre
esporadicamente a ciência visita o campo da adivinhação
– quando o cientista, um pouco bruxo, aguça a lente
para destrinçar emaranhados colossais da massa a analisar
entra num fino véu
mesclado de nácar e fel
consumando-se o milagre das sete abóbadas..........."
nunca ninguém antes assim!!!!!!
oh deuses....
Invulgar (cito a voz autorizada IMF)
oh deuses ...
arrepia. tem esplendor.
deixo um beijo. mil
iv
não sou capaz de ser objectiva
face ao poetar do AMIGO
que a guardo
na outra margem da POESIA
a brevidade e terna de
.
um beijo
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