sábado, 11 de outubro de 2008

NOITE IMOLADA

Paul Klee



as copas das árvores incendeiam escura
a lua – quer-se digno
quem entre poucos escreva o sangue
sem esquecer a essência da água
porque é difícil respirar debaixo dele
chega-se a bramir com um lobo morto
ao colo
porque eles estragam o choro
amontoando rasgados risos peçonhentos
frágeis irrompem nas vésperas do sonho
que se quer limpo
sobre a folha que trespassa
a madrugada
virão no último tracejado do halo lunar
para sujar a água
da boca à hemoglobina

não esqueçamos a tinta preta
com que se escreve a palavra «morte»
a entusiasmante vida do lobo cinzento
ainda a sangrar tinta no declive
ao colo
façamos homenagem aos seus caninos apagados
instante áureo acima dos que o desrespeitam
porque o ruído é a faca
sem gume visível
é um ardor de dentro por explorar
nas mais assombrosas vertentes
pelo contra-fogo possível da folha perfurante
sombra aureolar do icebergue indecifrável – a lua
escura afoga as inocentes copas das árvores

4 comentários:

casa de passe disse...

Passe por lá! Para ver se a Nini perde as manias!

LOULOU
(sem a beata da Nini, sem a Alice, sem o Avô e sem o safado do João)

isabel mendes ferreira disse...

deus....menino de ouro.......como escreves bem!!!!!!!



saio.


rendida.


tanto!

isabel mendes ferreira disse...

re.volto. porque preciso tanto de te ler relendo.


e saio.

Gabriela Rocha Martins disse...

sai a Isabel

entro eu

e tenho.me presa nas tuas palavras

escritas . inscritas . criptogravadas

POETA


fico.me em silêncio

presa



.
um beijo