terça-feira, 7 de outubro de 2008

OVO MÁGICO

Mário Cesariny

acordar no verde
e descer o ontem
contado à montanha
à espera que ela desboque
a sabedoria natural
das árvores

mágica maneira de aprender
a traduzir em sinais
o cruzamento dos troncos
a dimensão variável
dos triângulos quase rostos
recipientes falsos de vento
doado na veleidade do cuspo

venho das duras lições
de trigonometria
procuro sonhar com
a perna defeituosa do bronze
regressar esta noite
à espuma sufocante
dos frutos perdidos no chá
prostrar-me aos pés da imperatriz
do grande carrossel
mãe-de-pedra adormecida
na floresta

– reapareceu o ovo
junto à palmeira de lume

1 comentário:

Gabriela Rocha Martins disse...

rendo.me

à PALAVRA
como se o verbo respirar
me deixasse suspensa

nos teus POEMAS

absolutos


"esculpo.te"


.
um beijo terno